quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Xote dos Poetas (Zé Ramalho/Capinam)

Sonhei com Pablo Neruda, em plena Praia do Futuro
Escrevendo num imenso muro la palabra libertad
Com poemas de Vinicius en las manos eran hermanos
Recitava Eluard
E gente em plena tarde, poetas de todo mundo
Escrevendo por toda parte, la palabra libertad
Voava com Castro Alves, Gregório também Gonçalves
Dias e noites latinas, Cabral dançando um frevo
E um cego de improviso, no imenso salão da claridade
Relampejou num sorriso, la palabra libertad

Toda família Andrade, Zé Limeira, Ferreira e eu
Pessoa e Garcia Lorca queimando o pau de uma forca
Hasteando Manoel Bandeira la palabra libertad
Maracatu de dona Santa, Batutas de São José
Patativa do Assaré, e também Dodô e Osmar
Vi Dirceu atrás da grade: abre, Marília, sou eu
Sonhando num céu de fogo, libertas quae sera tamen
E um cheiro de tangerina, descascava Jorge de Lima
As Invenções de Orfeu, rezava Murilo Mendes
Gritava o povo no vale, num muro grande concreto
Gás neon sobre o deserto a inscrição: liber tarde
Gritava o pé de chinelo, esquentava o bóia-fria
Soletrava um pau - de - arara, entre as coxas de Maria
E um prato de feijão decifrava o analfabeto
A escrita de Malarmé em pleno golpe da sorte
A morte fugiu pra marte
A vida disse: aqui Jazz suíngue por toda parte
Xote, Xaxado e Baião, o repentista Azulão
Anunciou no sertão a palavra liberdade
Una canción desesperada, duas chilenas amaban
Se fueron com tres donzelas, cuatro muchachas morenas
A las cinco en punto de la tarde las sies grandes bascas
En siete estrellas tornaron.

Ocho novias brasileñas, nueve puñales, diez varandas
Sangre nel mural de la tarde
La palabra libertad

domingo, 5 de dezembro de 2010

Fabricio Ramos na TV

Na prox Terça-Feira na NET Cidade canal 12 te FABRICIO RAMOS para todo ABCD Paulista
Hora: 16:00
Não percam!!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Hoje passei o dia em casa...só ´dei uma saída pra raspar a cabeça hehe...
Estudando e vendo videos de aulas pq vou prestar vest na PUC . Passei na Fundação Santo André (História) e vamos agora aguardar a PUC.

Preparei uns violões mas não tive tempo de trocar as cordas. Acredito que no meio da semana deixe todos eles prontos.
Eu ainda to de ressaca...e já são quase meia noite.
Vou lá...depois volto a postar mais algumas coisas por aqui.....
to no twitter ok..me segue
@Fabricioramos80

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

DRAGÃO DE LUA CHEIA (Fabricio Ramos)

Será que o que nós temos é mentira
É mais do que andar na contramão
Terás no escuro algumas visões
Misturadas com miragens nas amplidões
Às vezes certo do que pode ser
E outras cheias de decepção
Circulando imagens reluzentes
Que queimam ao tocar a tua mão
E vem chegando perto
Por entre os desertos lá do meu sertão
É canto de sereia
Dragão de Lua Cheia,
No céu um clarão
Farpas e madeira, mato ribanceira
Caindo no chão
Nem feio nem bonito,
Chuva de granizo,
Ronco de trovão.


Ouça em www.myspace.com/fabricio80

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Dono Dos Meus Olhos (Naira Amorelli)

Para ser forte, tive que beber
muitos goles de tempestades.
Tive que aprender a fazer muralhas (e às vezes,
ser a própria);
Andar de salto alto entre as pedras do caminho;
Ter ouvidos atentos, saber escolher os momentos do
silêncio;
Ir contra o vento...
E depois de tudo
ser capaz de desmoronar doce e calmamente
nos braços do homem que eu amo.
Quando estiver terminando o
verão
Quero ver o pôr-do-sol desaparecer
Dentro dos teus olhos de calmaria
E ser para ti, no fim desse dia,
Parte das coisas que escondes
De mim, de todos e até Deus,
Mais profundas que um segredo;
E voltando pela praia que escurece
Virei cantando, baixinho,
Quase como uma prece:
O dono de meus olhos
Tem os olhos onde o sol
Gosta de morrer.

sábado, 27 de novembro de 2010

TUDO QUE IMPORTA (Fabricio Ramos)

Nada mais veloz que o pensamento
Ou algo que você pode viver
Uma trajetória no passado
Sem pensar em esquecer

Nada além de um louco pensamento
Palavras impróprias no momento
Um sentimento, uma ilusão
Mulheres jogadas ao vento

O que eu quero é poder pensar
Quero expor meus pensamentos
Me desfazer dos maus momentos
Deixar a vida me levar

Tudo que importa agora
É a cabeça transformada
Uma lição imediata
Uma questão analisada

CARTA PRA UMA AMIGA QUE AINDA NÃO CONHEÇO

 
Já por muitas noites. Muitas mesmo.
Penso ser imperativo escrever-lhe um poema.
Faltavam-me apenas algumas substâncias.
Em realidade você era para mim, apenas um foto.
Uma belíssima promessa estabelecida na prova da nossa incapacidade de guardar sorrisos fugazes.
Agora a distância é uma cômoda empoeirada. E te sentir é minha profissão.
E eu pego em suas mãos - acaricio com elas o meu rosto - e sou você.
Os sorrisos que sentimos nos fazem um.
Os toques que não foram, agora são promessas que gritam!
Os olhos que dizem, é imaginação.
Sou agora o reflexo do que quero ser.
Não fujo mais, como que tentando enganar o mais substancial sentimento que pode brotar em nosso íntimo.
Você brotou deste botão
E penetrou como uma espada coruscante imprimindo teu cheiro repousante em mim. Teu cheiro entorpecente, apenas você.
As coisas boas acontecem assim, mansamente.
E você como uma pétala de rosa,
Diante da leveza da tua personalidade,
Deixou-se balar no ar, chegando-me antes como notícia, e agora como realidade.
Quero... Não! Desejo me diluir com você numa pura essência
E assim nos transmutarmos.
Dissipando alegorias, circunstâncias, referências temporais, imaginações oníricas.
Já não sou mais aquele que fui.
E você? Já não é mais quem foi.
Somos apenas dois seres que se desvencilharam do vácuo geográfico
Que separa corpos, separa olhares
Mas, que nunca irá separar o amor,
Que é a vontade dissimulada de viver...
Joubert Barbosa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ONDE ESTÁ O AMOR?

O amor nem sempre está onde a gente quer que ele esteja
Então me diga, onde está o amor?
No beijo do namorado?
No cristo crucificado?
Na bomba atômica?
No beijo de Judas?
No encontro com Alá?
O amor estava em Páris, em Helena, em Corisco, em Dadá
Eu tento ver o amor nas pequenas coisas
Mas também busco encontrá-lo nas grandes
Amor vai muito mais além do que a gente pensa
Mas a gente nem pensa no amor de verdade
Amor é algo tão precioso e tão simples que chega a ser difícil falar dele
Mas a busca continua...
Tem até cientista querendo inventar o amor
Eita bando de bicho besta, amor não se inventa não seu menino!!!
E nós? O que estamos fazendo aqui?
Deixando o amor se perder?
Porra!! Puta que pariu, onde está o amor?
Tá em tudo que nos rodeia... a gente é que faz  vista grossa!



EU QUERO TER VOCÊ PRA MIM (Fabricio Ramos)

Já faz algum tempo
E a nossa amizade
Não é tão simples asssim
E esse mesmo tempo ta passando
Eu quero ter você perto de mim
O sol ta se pondo
Mais um dia sem lhe ver
Porque você está pensando tanto
Eu não sei mais o que fazer
Quando o dia amanhece
Penso logo em lhe ligar
Mas já nem sei
Até que ponto eu vou agüentar
Estou apaixonado
E não sei se isso é bom ou se é ruim
Eu só tenho certeza do que quero
E o que eu quero é ter você pra mim
Pra mim, pra mim
Eu quero é ter você pra mim


*Está musicado em www.myspace.com/fabricio80

ESQUEÇA (Fabricio Ramos)

Esqueça os acontecimentos
Pensamentos e algo mais
Esqueça tudo aquilo que você queria
E a sua agonia não volta mais
A dor que fere a tua cabeça
Isso você nunca esqueça
Ou tente remediar
O amor, aquele amor do passado
Esse mesmo lhe deixou de lado
Tente olvidar
Esqueça, esqueça o passado
Coloque ele de lado
E não o procure mais
Esqueça, até o que você não lembra
E que um dia não se arrependa
De tudo que você faz

TEMPO


Busco o estado em que minha alma resplandeça
Esta, goza somente em liberdade e plenitude
Vibra ao menor sopro que um vento teça
E inóspita fica quando se enche de inquietude...

De almas desérticas meus olhos desviam
Busco amores afins
Paisagens vivas, puras e solitárias
Vou no sentido contrário, na profundeza das coisas.

Estou encontrando-me. Vivendo para mim.
Tão bom voar, mas melhor ainda caminhar observando.
Estou egoísta...
As palavras são só minhas, e os dias e as noites...

Desconectei-me. Desprendi.
Andei por novos rumos, me despedi.

Desculpem a ausência, eu estava comigo...

*Carolina Salcides

LONGE (Fabricio Ramos)

Longe das caravelas perto das donzelas do interior
Longe dos quatro ventos que sopravam logo que você chegou
Longe do incenso grave e não liberado que você queimou
Longe da piada explícita e dessa política que nos governou

Longe de um acidente do cara imprudente que se embriagou
Longe do choque mais certo do sinal fechado que você passou
Longe da sociedade meio alternativa que Raul criou
Longe é nossa liberdade presa desde o tempo que Cabral chegou

Longe tão longe que lugar longe que ninguém chegou
Longe tão longe será verdade ninguém avistou


Longe da nossa ganância, da ignorância que se acumulou
Longe do nosso racismo, já passou do tempo eu acho que aumentou
Longe aquela terça-feira, ontem foi segunda e ninguém notou
Longe daquele nome que eu escrevi e ninguém decorou

Longe da carapuça você não fez nada ela lhe condenou
Longe do suor mais caro que o bandido veio e de você roubou
Longe do medo da chuva ficou molhado e ninguém te enxugou
Longe da minha cidade, cidade mais alta do interior

Longe tão longe que lugar longe que ninguém chegou
Longe tão longe será verdade ninguém avistou



*esse poema está músicado, ouça em: www.myspace.com/fabricio80

A Peleja Do Sertão Preocupado (Peço Aos Camaleões Que Escutem Essa Gente)

A Peleja Do Sertão Preocupado (Peço Aos Camaleões Que Escutem Essa Gente)
(Fabricio Ramos)

Corriam os anos trinta
E o sertão preocupado
Era um tempo marcado
Pelo sangue e o fuzil
Fome de quem resistiu
Olhando para o futuro
Na cacimba só o furo
No meio daquele sol quente
Peço aos camaleões que escutem
essa gente


Cinqüenta anos passados
Promessas e romarias
Pai nosso e Ave Maria
Foi pouco nos pensamentos
Mas é sempre nos momentos
É perto das eleições
Confundem os corações
De maneira diferente
Peço aos camaleões que escutem
essa gente


Um dia ficam pensando
Se o sertão vai virar mar
Difícil de acreditar
Nesse pensamento louco
Mas loucos acreditaram

Nada daquilo ocorreu
Não é possível que só eu
É quem pense diferente
Peço aos camaleões que escutem
essa gente


A prosa está comprida
O tempo que temos é curto
Ouvindo os absurdos
E não ter como falar
Mas tem que se pelejar
Para conseguir espaço
Fazer que nem fez Inácio
E também ser persistente
Peço aos camaleões que escutem
essa gente